quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

E o que mais poderia ser?

Estava demais!
Pelo menos essa era a opinião de D. Nobuko que no seu mal falado português clamava por Justiça. Primeiro foi aquele menino chamado João Hélio. Depois uma bala perdida alcançou a menina Alana. E sem falar no que está acontecendo dia a dia…
Alguém disso: Esse tipo de pessoa tem que matar!
E Uzé ouviu a concordância de outros irmãos que estavam reunidos tomando café.
Gabriela, que agora estudava Direito, tentou dizer que isso não adiantava, que mais tempo de pena não iria resolver…
D. Fumiko disse: Bom, gente, o negócio é orar, orar e orar…
Enquanto Uzé ponderava, ele ouviu:
Gente, o negócio aqui só vai piorar até a volta de Jesus. O que a gente tem que se preocupara é com nós mesmos. Ainda bem que isso não aconteceu com a gente e Deus está nos protegendo…
Uzé bem que quis, mas ele achou que ficaria mais feliz se ficasse em silêncio do que soltasse aquele grito:
“Será que vocês também não estão cansados de ver tanta desgraça? Será que a gente não pode sugerir alguma coisa, como Igreja, para essa tal de violência?”

E ERA MUITA COISA…

Uau! Já estava chegando mais um Natal e mais um fim de ano!

E parecia que o ano somente havia começado.

Agora, novamente, havia o culto de Natal, a reunião de Planejamento…
E era reunião atrás de reunião: reunião de avivamento, reunião de comunhão, reunião da comissão disso e daquilo… Até havia reunião dos sem comissão…

Quando estavam voltando de mais um culto de oração, a Yoriko, sem querer, deixou escapar isso:

- Puxa, será que a gente precisa de tanta reunião?

Uzé não falou nada, mas ficou pensando se não estavam saindo do plano inicial daquele que os havia chamado: Jesus Cristo. Mas quem era Uzé para falar isso?

E Eram muitas as cruzes…

Ele ficou assustado quando viu aquele lugar maravilhoso, onde as ondas vem e vão, cheio de cruzes fincadas no chão.

Nessa guerra carioca, por um instante passou em sua cabeça que pouca gente se atentava para isso: atrás de cada policial morto, havia muitas famílias e muitas dores. Isso para falar apenas na polícia! E as pessoas vítimas de bala perdida?

Mesmo os chamados “bandidos”, em sua idéia, eram pessoas amadas por Deus por quem Jesus Cristo também morreu…

Estava chegando o Carnaval e Uzé ouviu de algum rádio ligado: “O Rio de Janeiro continua lindo…”.
Enquanto mastigava tudo isso, Uzé pensou o que o Povo de Deus podia fazer para que isso fosse verdade, de novo…

MAS QUE ABSURDO

Como ele estava com vontade….

Embora não soubesse fazer bem (ele se lembrava de ter feito apenas duas vezes em toda sua vida), ele queria…

E não havia ninguém para fazer por ele nesse Carnaval.

Uzé foi até o Carrefour e foi comprar um quilo de feijão: Epa! Achou que tivesse enganado e perguntou para a pessoa que estava ao seu lado: R$ 6,97?

Era isso mesmo!

Com um Kilo de feijão dava para comprar cinco Kilos de arroz.

Ainda não era o quinto dia do Mês e Uzé teve que deixar esse luxo de lado…

Enquanto saía de cabeça baixa, Uzé ficou se perguntando: Porque não sugerir ao pessoal da Igreja de Áurea Batista um boicote?

Achou melhor não. Alguns poderiam falar que isso era pecado…